Os responsáveis pela falência do sistema educacional em São Paulo se esqueceram de que Educação e Filosofia são dois lados da mesma moeda
A reforma no sistema educacional do Estado de São Paulo com base em avaliações, cobranças e resultados que responsabilizam diretores, professores e alunos foi copiada do governo W. Bush dos EUA. Entretanto, conforme relatou a ex-secretária-adjunta de Educação daquele país, Diane Ravitch, ao jornal O Estado de São Paulo, “nota mais alta não é educação melhor”. Diane foi a defensora da reforma educacional dos EUA e agora, em seu livro “A morte e a Vida do Grande Distema Escolar Americano”, mudou de ideia.
As pessoas responsáveis pela falência do sistema educacional em São Paulo se esqueceram de que Educação e Filosofia são dois lados da mesma moeda. Por isso, ao discutir Educação é preciso levar em consideração a fenomenologia – que trata daquilo que se manifesta na pessoa humana, e é tanto cultural quanto sentimental. Para o filósofo alemão Husserl, o ser humano é sujeito e objeto de suas ações. E a sua vivência é a sua experiência, sua percepção é a consciência de sua vivência. Destarte, a fenomenologia é tanto física quanto psíquica. Sua vivência é complexa.
O sentido explica essa vivência e a percepção daquilo que é físico, matéria e inorgânico, daquilo que é espírito, humano e orgânico. Para essa corrente de pensadores, o páthos (filling) é aquilo que nos dá sentido; e a intropatia é aquilo que entre nós nos faz sentirmos semelhantes. Nesse viés, há uma singularidade humana que não pode ser eliminada. A empatia é o reconhecimento da alteridade. Por outro lado, a simpatia e a antipatia são reações psíquicas da pessoa humana, isto é, a antipatia é o ódio, a eliminação do Outro. Aqui nasce a moral.
A intolerância leva ao estranhamento cultural, ao impedimento da semelhança humana. Assim, a escolha moral é o descentramento do sujeito. A identidade e a semelhança, entre grupos de pessoas que não nos dêem problemas, estão entre a simpatia e a antipatia, ou seja, é um reflexo psíquico. Se o sentido da palavra amor é fazer o bem para o Outro e criar condições para isso, os jesuítas, num certo momento, perceberam a essência humana dos guaranis. Nesse viés, o sistema educacional importando dos EUA resultou na eliminação do Outro, pois, têm objetivos políticos, econômicos e também psíquicos.
Aos professores e professoras cabe a responsabilidade de mostrar que é possível o reconhecimento dos valores culturais, e na relação com o ser humano não devemos eliminar o diferente. Para Cornelius Castoriadis, “o problema da condição contemporânea de nossa civilização moderna é que ela parou de questionar-se”. Na mesma linha de raciocínio, Zigmunt Bauman diz “que o preço do silêncio é pago na dura moeda corrente do sofrimento humano”. Desse modo, a Educação é um processo permanente de reflexão entre afeto e amor, e não de poder e competição entre escolas, professores e alunos por resultados e bônus que resultam na destruição da essência humana.
*Anderson Lino é historiador e professor da rede pública estadual em São Bernardo.
A reforma no sistema educacional do Estado de São Paulo com base em avaliações, cobranças e resultados que responsabilizam diretores, professores e alunos foi copiada do governo W. Bush dos EUA. Entretanto, conforme relatou a ex-secretária-adjunta de Educação daquele país, Diane Ravitch, ao jornal O Estado de São Paulo, “nota mais alta não é educação melhor”. Diane foi a defensora da reforma educacional dos EUA e agora, em seu livro “A morte e a Vida do Grande Distema Escolar Americano”, mudou de ideia.
As pessoas responsáveis pela falência do sistema educacional em São Paulo se esqueceram de que Educação e Filosofia são dois lados da mesma moeda. Por isso, ao discutir Educação é preciso levar em consideração a fenomenologia – que trata daquilo que se manifesta na pessoa humana, e é tanto cultural quanto sentimental. Para o filósofo alemão Husserl, o ser humano é sujeito e objeto de suas ações. E a sua vivência é a sua experiência, sua percepção é a consciência de sua vivência. Destarte, a fenomenologia é tanto física quanto psíquica. Sua vivência é complexa.
O sentido explica essa vivência e a percepção daquilo que é físico, matéria e inorgânico, daquilo que é espírito, humano e orgânico. Para essa corrente de pensadores, o páthos (filling) é aquilo que nos dá sentido; e a intropatia é aquilo que entre nós nos faz sentirmos semelhantes. Nesse viés, há uma singularidade humana que não pode ser eliminada. A empatia é o reconhecimento da alteridade. Por outro lado, a simpatia e a antipatia são reações psíquicas da pessoa humana, isto é, a antipatia é o ódio, a eliminação do Outro. Aqui nasce a moral.
A intolerância leva ao estranhamento cultural, ao impedimento da semelhança humana. Assim, a escolha moral é o descentramento do sujeito. A identidade e a semelhança, entre grupos de pessoas que não nos dêem problemas, estão entre a simpatia e a antipatia, ou seja, é um reflexo psíquico. Se o sentido da palavra amor é fazer o bem para o Outro e criar condições para isso, os jesuítas, num certo momento, perceberam a essência humana dos guaranis. Nesse viés, o sistema educacional importando dos EUA resultou na eliminação do Outro, pois, têm objetivos políticos, econômicos e também psíquicos.
Aos professores e professoras cabe a responsabilidade de mostrar que é possível o reconhecimento dos valores culturais, e na relação com o ser humano não devemos eliminar o diferente. Para Cornelius Castoriadis, “o problema da condição contemporânea de nossa civilização moderna é que ela parou de questionar-se”. Na mesma linha de raciocínio, Zigmunt Bauman diz “que o preço do silêncio é pago na dura moeda corrente do sofrimento humano”. Desse modo, a Educação é um processo permanente de reflexão entre afeto e amor, e não de poder e competição entre escolas, professores e alunos por resultados e bônus que resultam na destruição da essência humana.
*Anderson Lino é historiador e professor da rede pública estadual em São Bernardo.